sexta-feira, 26 de março de 2010

Amicitae



Estava eu em Galway descendo a rua de pedestres. Eram umas 4 da tarde de um quase inverno da costa irlandesa. A chuva armou-se repentinamente. Rajadas de ventos fortes... um certo magnetismo no ar que faria esvoaçar sacolas de plástico em Beleza Americana. As pessoas começam a andar apressadamente, caoticamente... ventos ainda mais fortes. Enfim... um ensaio de um filhote de tufão... antes de chover o Atlântico Norte assopra um pouco.

Sabe aquela histeria de antes de uma tempestade? Pois essa era a cena descendo a rua. Um mendigo estava a repetir movimentos oscilantes com o tronco, como um árabe durante o Ramadã. Neste exato momento ele ganhou alguns trocados... antes de uma catástrofe as pessoas têm impulsos de compaixão.

Observei então outro mendigo. Estava alheio ao caos que se desenhava à toda parte. Sentado ao chão, encostado na porta de uma loja fechada. Chamou-me a atenção seu pequeno cão: um fox paulistinha. Como o nome sugere, essa raça surgiu no Brasil, provavelmente em SP. Eu mesmo já tive dois desses seres: Shake e Rocky. Achei curioso encontrar um desses na cidade mais a oeste de toda a Europa, nos confins.

Enquanto todos pareciam se desesperar, ante o pânico de véspera de uma tempestade violenta os dois – mendigo e cão – estavam a brincarem e se olharem, amor fraterno, uma alegria incontida e sem motivo. Era isso, havia um homem e um cão, e um magnetismo, não fosse alegre, seria histérico , tamanha felicidade.

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Havia um gato. Se apaixonou pelo contexto, confundiu-o com o dono. Julgando ser do dono as qualidades da tigela e do tapete ronronou eternamente em suas canelas.

Um dia faltou leite na tigela. O gato mudou-se para o vizinho de tigelas fartas, e ronronou eternamente por lá.

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Que não seja imortal posto que é chama, e nem tenha a pretensão de ser infinito enquanto dure. Mas desejo a vocês que tenham amores mais caninos que felinos, e que sintam a beleza da lealdade (não confundir com resignação). Amicitae: sentimento fiel de ternura e afeição. Enfim, esta, a verdadeira riqueza da vida.

4 comentários:

Camila disse...

Nao generalize, Dr. Caetano!
Nao me apaixono por situações... mas por pessoas, q claro, me proporcionam situações e principalmente sentimentos.

É o tipo da coisa disse...

ya!


pior que marx... o mais mal compreendido da história

Unknown disse...

O seu blog NÃO está jumentício ! Parabéns! Keep the sapecation in high level, little buddy !!!!

É o tipo da coisa disse...

ah

Quanta honra! Le Ramirón comentando aqui.