segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O próprio Mário disse: a poesia não é a de quem a escreve, mas sim de quem precisa dela!


A tia de beatriz a observa com ar distante, recordando cenas de um encontro com mário, e a interroga:

Tia: Seja sincera, o que ele falou para você?

Beatriz: Metáforas.

Tia: Metáforas?Nunca ouvi você falar assim antes. Que metáforas ele fez com você?

Beatriz: Fez não, ele falou! Disse que meu sorriso se abre como as asas da borboleta.

Tia: E depois?

Beatriz: Ri quando ele disse isso.

Beatriz recorda cenas do encontro

Mário: Seu sorriso é como uma rosa,

Uma lança desenterrada

O barulho da água.

Seu sorriso é uma onda repentina e prateada...

Volta ao diálogo com a tia

Tia: O que você fez depois?

Beatriz: Fiquei calada.

Tia: E ele?

Beatriz: O que mais ele disse?

Tia: Não, o que ele fez. Esse carteiro, além da boca, tem duas mãos.

Beatriz: Ele não encostou em mim. Disse que estava feliz por estar perto de uma moça pura como as praias de um oceano de espumas brancas.

Beatriz recordando

Mário: Eu gosto quando você fica em silêncio. É como se estivesse ausente.

Com a tia

Tia: E você? E ele?

Recordando

Beatriz: Olhava para mim, depois parou de olhar nos meus olhos e começou a olhar os meus cabelos, sem falar nada, como se tivesse pensando...

Com a tia

Tia: Chega, minha filha! Quando um homem começa a tocá-la com palavras, não demora muito para usar as mãos!

Beatriz: Não há nada de errado com as palavras.

Tia: A palavra é a pior coisa que pode existir. Prefiro um bêbado beliscando seu traseiro na estalagem do que alguém dizendo ‘seu sorriso voa como uma borboleta’!

Beatriz: Se abre como a asa de uma borboleta!

Tia: Voa, se abre, é tudo a mesma coisa. Olhe para você como eu vejo! Basta ele estalar os dedos e você vai atrás dele!

Beatriz: Está enganada! Ele é uma pessoa séria!

Tia: Quando trata-se de cama não existe diferença entre um poeta, um padre, e até um comunista!

Cenas seguintes, a tia acha este poema no sutiã de Beatriz:

Cena do carteiro recitando-o para Beatriz

Nua você é simples como uma de suas mãos

Macia, terrena, pequena, redonda, transparente...

Traços da lua, caminhos de maçã

Nua, você é delicada como o trigo

Nua, sua pele é lívida como as noites cubanas

Há vinhas e estrelas em seus cabelos

Nua você é grandiosa e amarela como a viga de uma igreja dourada.

Um comentário:

Luciana F. Righi disse...

ahhhhhhhhhhhhhhhhhháaaaaaaaa