segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Capuccino à Brandenburgo


(esse texto é mto ruim.... não perca seu tempo)



Fui a um café. Simples assim. Pedi um capuccino italiano (seja lá o que isso signifique). Me trouxeram água morna e um sache de capuccino em pó. Simples assim.

Misturei... mas a xícara é por demais delicada, adornada e pequena... não havia como empreender a ferocidade necessária para diluir tudo. O resultado é uma bebida com pelotas aglutinadas, por uns 3,40. Considerando-se que cada sache tem um preço irrisório para o comerciante que compra no atacado, paga-se pela água morna mais cara do mundo, sim, pois a mão de obra fica por conta do freguês, sequer misturam para a gente.

A cena se repetiu em dois ou três estabelecimentos... nota-se uma tendência. Aonde estamos? Num café? Ou num super mercado? Se quisesse um sache iria à uma venda... não a um café.

É tão elegante quanto abrir uma lanchonete e tratar o freguês da seguinte maneira:

‘O cliente olha o cardápio e se decide por um “Sanduíche de Rosbife à Brandenburgo”. O nome tem pompa... promete ser bom, coisa de quem tem pedigree, na certa. Pois é disposto à mesa um pão de sal, uma faca de pão, e 500 gramas de mortadela. Avisa-se ao freguês que não havia mortadela em sache.. e que ele mesmo deve parti-la, mas não mais do que 80 gramas... é o que o prato lhe fornece por direito.

O freguês manda chamar o gerente. Ao invés, chega o Chef(?) – formado num curso técnico de cozinha italiana via internet, pelas Organizações Pirilampo Online Ltda.

“Primeiro... o pão não está nem partido e... o rosbife é na verdade uma mortadela?”

“Pimeiro... senhor... é assim que se come sanduíche em Brandenbrugo... e segundo, não é mortadela... é Rosbife Vienense... consiste em porcos da Calábria nutridos apenas e apenasmente com groselha siciliana... eles morrem de tédio e a carne fica assim, com textura e sabor ímpar... lembra um pouco mortadela, mas é beeem diferente. O senhor sendo apurado em seu gosto, saberá reconhecer a diferença”. ‘

Pronto... aí foi a dica. Se quiseres lubridiar um freguês... diga que o prato se chama assim porque em Bruxelas (ou outra cidade qualquer, conhecida, mas pouco visitada) é assim que se faz. E pronto.... é só dizer que não é um sache.... são invólucros embalados no Himalaia... high glamour lights on me.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

identificação?



-Nossa! Parece que te conheço a muito tempo! Não é mesmo? Você também tem essa impressão?
-Muito! Muito mesmo! Foi muito bom ter conhecido você! Que coisa...



sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Tumor de natal

Fui a um Congresso de Biologia. O primeiro palestrante era um médico, neurocientista. Tiro o chapéu largo: o cidadão era muito eloqüente e carismático. Contou-nos sobre física quântica, teoria do caos, sobre o quanto nós estamos desconectados do meio ambiente, a importância de dormir, os malefícios da maconha e o quanto tudo isso pode interferir no desempenho sexual. Ah sim.. fez-nos aplaudir o stress... pois é importante sim.

Falou também, de maneira impactante, sobre os benefícios do tumor cerebral. Descreveu a cena imaginária:

O médico volta com a chapa em mãos com sorriso largo, ofegante, dá a volta na mesa, senta-se em frente à senhora ansiosa. Ele põe a chapa contra a luz, acende o interruptor e lá está. Leiga, ela não entende, ou finge não entender a imagem de si própria. Preferiu se apegar ao sorriso farto do Dr. e lançou a pergunta:

-Está tudo bem então?

-Se está! Ô! Veja que maravilha e aponta para a chapa da ressonância magnética!

-Sim... Mas me conte... quer dizer que estou bem?

-Pelo o que a senhora vem me dizendo, não está nada bem.Mas Olha aqui que beleza! Lá vem a solução! Do tamanho de um limão galego! Até se parece, o formato, não? Mas estreito nas bordas dos dois extremos.. e redondinho no centro – dizia alegremente o médico desenhando por cima da chapa com uma caneta.

-Mas ... hã? O senhor está dizendo então que eu...

-A senhora o que?

-Que eu tenho um... tumor...? – indagou tremulamente, com dois e pequenos olhos castanhos a vacilarem.

-Mas há! Um tumor não! O tumor! Tá é doido! Esse aqui dá gosto de se ver. Muito bom mesmo. Tá bem na hipófise, crescendo que é uma beleza... – proferia o médico visivelmente orgulhoso de se ver aquela aberração celular no cérebro de sua paciente.

-Mas.. o senh... o senhor... perdeu o juízo? –tentou vociferar como de costume, mas seu quadro era terrívelmente mais importante do que a falta de compostura do médico.

-Calme senhora... ruim estava antes... lembra? Agora vai melhorar. Coisas interessantes acontecem. Confie em mim.

(...)

Depois disso ele descreveu as cenas subsequentes. A senhora entrou em desespero. Haveria de fazer uma cirurgia, radioterapia, quimio... A cirurgia inclui risco e seqüelas.

O ponto, em que o médico gostaria de chegar é que este quadro uniu toda a família. As irmãs que não se falavam, os filhos que não se davam, os primos que não se toleravam. Todos sem exceção, ante a iminência do único mal irremediável que acometerá todos nós se uniram, e se revezaram ao pé da cama da tal senhora.

Eis o benefício do tumor cerebral. Essa foi a historinha que ouvi no tal congresso.

Passado alguns meses esta situação acontece em minha casa... Eis que o grande macho alfa... O lendário gorila de pelos já alvos.... o agressor histórico expõe a sua fraqueza: ele também é passível de morte. E o que fez lembra-lo foi um tumor cerebral do tamanho de um limão. Uma beleza. Bem na hipófise! A crescer rapidamente.

E o tal médico do congresso parecia ter profetizado a cena e o desenrolar... Aconteceu tudo dentro do previsto: a família dilacerada se uniu... o gorila mostrou ternura, o casal se abraçou, a irmã voltou, amigos surgiram, todos... ao pé da cama, a se revezarem...

Foi uma alegria e uma ternura dignas de um filme bucólico francês, no qual uma criança nos ensina a importância do abraço.

Mas o tempo passou. A operação foi um sucesso. A família se redilacerou tal uma peça de carne num açougue. O gorlia se ergueu. Ganhou, ganhamos a ilusão, pura ilusão, de que novamente temos tempo (não o temos). Temos tempo para exercitar um pouco mais o que de pior há em nós, para depois nos redimirmos nos acréscimos do segundo tempo.

Não temos esse tempo. Nunca tivemos. Hoje vimos aqui o benefício de um tumor cerebral... A questão é: quantos serão necessários? A receita de panetone direi logo mais, receita de natal feliz eu digo agora: um tumor lá pra novembro, quando ainda está fresco.

Feliz natal!

sábado, 5 de dezembro de 2009

eu vou ali e volto



Se um dia eu deixar este mundo vivo
Eu lhe agradecerei pelas coisas que fez em minha vida
Se um dia eu deixar este mundo vivo
Eu voltarei e sentarei ao seu lado esta noite
Não importa onde eu estiver, você será sempre mais que uma memória
Se um dia eu deixar este mundo vivo

Se um dia eu deixar este mundo vivo
Vou superar toda a tristeza que deixei para trás
Se um dia eu deixar este mundo vivo
Sua loucura logo desaparecerá
Tanto que palavras não derramarão lágrimas
Eu estarei aqui quando as coisas ficarem estranhas
Se um dia eu deixar este mundo vivo

Então, quando estiver em dúvida, me chame
Antes que você vá à loucura
Se um dia eu deixar este mundo
Hey, eu posso nunca deixar esse mundo
Mas se um dia eu deixar este mundo vivo

Ela diz estou okay, estou bem
Mas você se foi da minha vida
Você disse que isso aconteceria
Agora tudo vai ficar bem

Ela diz estou okay, estou bem
Mas você se foi da minha vida
Você disse que isso aconteceria
Agora tudo vai ficar bem
Sim, vai ficar bem


.........

I`ll come back downsit beside your feet tonight
More than just a memory
The madness that you feel will soon subside
I`ll be here when it all gets weird
Though you have gone from my life
Yeah should be alright



......


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

a insustentável leveza do sorvete


Caros leitores... não fosse nossa fonte fomentadora, este blog não haveria de ter sido recriado, ressurgido das cinzas olvidadas. Em consideração à Universiade de Trácia retiramos o texto polêmico de Friedrich Nietzsche, aqui entitulado de “não” com os seguintes dizeres: “O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.” E, pior do que o texto era a foto... Ou a combinação de ambos... Não irei publicá-la aqui novamente, sem autorização prévia do conselho.

Vamos esquecer esse Frederico Nietzche... Vamos agora de Voltaire. Esse cidadão escreveu vários contos, dentre eles Zadig. Camarada Zadig tava lá na Babilônia dando um rolé quando encontra um eremita. Resumindo a cena: estavam Zadig, o eremita e mais um a conversarem sobre as paixões.

“-Como são funestas – disse Zadig.

-São como os ventos que enfunam as velas do barco – retrucou o eremita: - submergem-no às vezes, mas sem seu auxílio o barco não poderia vogar. A bílis nos torna coléricos e doentes, mas sem a bílis não poderíamos viver. Tudo é perigoso neste mundo, e tudo é necessário.”

Já Vinícius diria sobre a efemeridade, posto que é chama, mas que, o importante é a infinitude durante a ocorência de uma paixão.

Ivanovich, sofrido que foi, alertaria sobre a fragilidade: “é de casca de ovo, aquilo que se pintava por aço”.

Oscar Wilde diria que "a diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais".

E eu enquanto eu mesmo? O que tenho a vos dizer sobre a ilusão/desilusão do amor, das paixões? Do amor não me atrevo no momento. Das paixões eu direi que...

São como alimentar um esquilo. Isso mesmo. Apaixonar-se é dar sorvete a um esquilo.

Nada mais mágico. Nada mais tocante. Nada mais frágil. Nada mais efêmero. Nada mais fugaz. E nada mais necessário, para que não se morra por dentro.

Mas dói.