terça-feira, 13 de outubro de 2009

O casal silencioso





* Esta história possui várias versões mundo afora, desde o Siri Lanka à Escocia...






Era uma vez um rapaz e uma moça. Ambos eram conhecidos por serem brilhantes altivos, ousados e teimosos. Em verdade, seriam os que mais ostentavam estas características na cidade. Por obra do acaso e do arbítrio acharam logo de se apaixonarem e se casaram. Ofereceram, pois uma grande festa na nova casa.

Quando todos os convidados foram embora os jovens recém casados estavam exaustos e prostrados em duas poltronas. O ultimo convidado deixou a porta da frente aberta. Era inverno e fazia frio, um vento incômodo adentrava a sala.

_Querida, será que você poderia fechar a porta?

_Ah amor, eu ia te pedir o mesmo... estou tão cansada, feche você.

_Então é assim que serão as coisas? Bastou colocar o anel no dedo e você se tornou uma grande preguiçosa?

_Não acredito no que estou ouvindo!

Discutiram, sem perspectiva de acordo, até que a esposa propôs:

“Aquele que falar primeiro fechará a porta!”

_ É a primeira boa idéia que ouço de você hoje. Assim será!

Então os dois permaneceram em silêncio na sala.

Percebendo a porta aberta dois ladrões adentraram por ela. Observaram a casa recém decorada. Fitaram com estranheza o casal. Mas como não se moviam ou reagiam, os ladrões sentiram-se encorajados e tranqüilos. Retiraram calmamente objetos de valor. Depois começaram a levar os móveis.

“Não acredito que ela não vai se pronunciar!”- pensou o noivo.

“Estão levando tudo o que nos é precioso! Ele não reage?” – pensava a noiva.

Ambos mantiveram-se firmes em seus votos de silencio. Porém, ainda mais ressentidos.

O sol se avizinhava do horizonte. Os primeiros raios iluminavam o chão da sala agora, completamente vazia. Um policial que passava pela rua percebeu a casa de sala vazia e porta aberta. Entrou buscando uma explicação e se deparou com o casal...

_ Bom dia senhores! Vocês moram aqui?

Sem resposta tornou a perguntar sobre os móveis, sobre o porquê de estarem ali e...

_ Insolente! Não vês que sou a Lei aqui? Como ousa fitar-me em silêncio quando lhe faço uma pergunta?

O policial ergueu a mão para esbofetear a face do noivo.

_ Não se atreva! – Bradou a mulher levantando-se num pulo - Este homem é meu marido. Esta é nossa casa! Se encostar um dedo nele vai ter que se ver comigo.

_ Ahá! Ganhei! – gritou o marido batendo palmas - Vá fechar a porta mulher.









Um comentário:

Luciana F. Righi disse...

...antes do segundo final eu havia me arrepiado, aháaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, adoro me surpreender com um texto que começa azul, vai ficando lilás e termina amarelo...foi o que eu quis dizer.