quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Quando menos é mais


“A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águas em seu calor

Senhor! pois quereis a prece?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua de seu
Ninguém nos roube os castelos
Tendes palácios tão belos
Deixai a terra ao Anteu."

(Castro Alves)


"Liberdade é o outro nome de minas"

(Tancredo Neves)

E livre é o estado daquele que tem liberdade.

E liberdade é "uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda" (Cecília Meireles).













quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Agressividade e covardia (violência dissimulada)





Violentia, do latim, é um comportamento invasivo a outra pessoa. Aflige n`alguém um dano físico ou psicológico.

A agressividade é o instinto responsável pelo fato de que animais (Homo sapiens incluso), ataquem uns aos outros.

A covardia é o vício antagônico à bravura. É omitir quando é lícito agir. É atacar quando não há possibilidade de defesa.

Em geral a violência física é mais prontamente repudiada. Pode-se vê-la. Nos hematomas, escoriações, sangue, homicídios, genocídios. É passível de se tornar estatística.

Prestem atenção à violência moral... É talvez a mais poderosa. Não está nos números. É dissimulada. Como se coloca num gráfico a desconstrução da auto-estima de uma criança? “Eu sei que minhas palavras são carregadas de perigo e morte”, já dizia W. Whitman (embora usados por este noutro contexto, num nobre poema).

A violência doméstica não se restringe à que resulta nas feridas físicas.

Educo, do latim, significa “caminho”. Educação se encontra numa linha tênue entre a omissão e a tirania. Vejamos o que disse Kafka sobre a relação com seu pai: “o amor muitas vezes tem o rosto da violência”. Será mesmo?

Por um mundo talvez mais agressivo, covarde jamais.











segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A beleza do "quase"





É preciso um olhar aguçado.

Lembra-se da cena do filme "A sociedade dos poetas mortos" em que logo ao princípio da aula o professor sugere que seus alunos subam nas cadeiras para um novo olhar sobre a sala? Uma simples técnica de mudança de perspectiva.

Pois... faço hoje um brinde ao inacabado, ao quase... : alimento do por-vir.

Não somos a somatória de nossas realizações. Mas um amálgama de além destas, dos ensaios de amizade num ponto de ônibus, dos devaneios, das distrações, do acaso, do riso incontido, da angústia.

Um brinde às partidas em que sabíamos que iríamos perder, mas que jogamos até o fim.

São parte de nosso tecido.









segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Quando em teu colo deitei a cabeça


Quando em teu colo deitei a cabeça
Walt Whitman (1819-1892)




"Quando em teu colo deitei a cabeça, meu camarada,
a confissão que fiz eu reafirmo,
o que eu te disse e a céu aberto
eu reafirmo: sei bem que sou inquieto
e deixo os outros também assim,
eu sei que minhas palavras são armas
carregadas de perigo e de morte,
pois eu enfrento a paz e a segurança
e as leis mais enraizadas
para as desenraizar,
e por me haverem todos rejeitado
mais resoluto sou
do que jamais poderia chegar a ser
se todos me aceitassem,
eu não respeito e nunca respeitei
experiência, conveniência,
nem maiorias, nem o ridículo,
e a ameaça do que chamam de inferno
para mim nada é, ou muito pouco,
meu camarada querido: eu confesso
que o incitei a ir em frente comigo
e que ainda o incito sem a mínima idéia
de qual venha a ser o nosso destino
ou se vamos sair vitoriosos
ou totalmente sufocados e vencidos."

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ilha das Flores




Quem assistiu Ilha das Flores na escola? Recordar é viver!
Não é recomendado assistir depois do almoço.

Grato a todos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Confesso:

Procurei as palavras, e o entremeio, e suas ligações pretensamente artísticas.

Não vieram.


Rabisquei em meu caderno:
Doce
Nutritiva
Terra úmida
Orvalho

E o que sinto exatamente por você?

É mais sábio apenas observar.







"Amor nasce primeiro, brota é depois" (J. G. Rosa)




Parentes, segundo pesquisas realizadas, reconhecem-se uns aos outros pelo cheiro.

Este cheiro, porém, lhes é desagradável.

Evolutivamente tal fato é um artifício que evita intercursos sexuais consanguíneos e contendas entre machos próximos. O propósito é de aumentar a variabilidade genética e preservar a integridade física, assegurando a perpetuação da espécie.






Toda criatura se volta contra seu criador,
assim como todo sistema sócio-político prepara o caminho de sua auto-destruição.





Família:

Duas gerações e 50% dos genes compartilhados.


Recurso.
Amor e Ódio.

Alguém tem que ceder.

Quem?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Politica é coisa séria 2






Mamãe.. quando eu crescer eu quero um presidente muito preparado,um que tenha muito estudo, muito diploma, gente letrada, de estirpe e alta fidúcia, se for importado, melhor ainda, e... um que se importe com a saúde, e principalmente: saiba do que está falando!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O artigo científico sobre algo de que não se tem ciência ou não há ciência que explique satisfatóriamente, e se há, não me interessa.




Palavras chave: nostalgia onírica; auto encontro catalisado por outrem (ou não).

Resumo:Lugares re conhecidos, com o uso opcional do re. REticente talvez sim, com certeza. Sinestesia e clonagem perispiritual. (Mas que monte de bobagens!).

Objetivo: auto encontro através de... não sei.


Metodologia: Pega-se os sons de lugares velhos, o chão arranhado. Cicatrizes são interessantes. Teu algoz pode lambe-las... por punição, por compaixão. O contexto é tudo.

Acaso os ruídos caminhem por círculos, evite planícies e adentre em desfiladeiros, fjords, canyons..... (o vento só tem uma direção nestas formações geológicas).

Questiona-se o ir e vir, não o do artigo 5° da constituição. Mas o da física de primeiro ano. Tudo depende do observador. Movimento? Parado? Mexer as perninhas é relativo...: tudo depende do ponto de vista. E, todo ponto de vista é a vista de um ponto.

Recorda-se de que ocorrem ao ano 16 tremores mais intensos do que 7 na escala de Richter. E recorda-se que 95% destes ocorrem em locais de falhas geológicas, mas os outros 5%... ocorrem em qualquer lugar. Não se sintam seguros: não estão.

E senso é: Senso comum (ou conhecimento vulgar) é a primeira suposta compreensão do mundo resultante da herança fecunda de um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. O senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como normal, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas.

Resultado: a Terra continua girando, ou fica parada a ver o universo a girar, o fato é que há astros em movimento.

Conclusão: segundo o Kung Fu Wing Tsung: “tradição não é repetir o velho, e sim aperfeiçoar o semelhante”.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A culpa é do sistema (REALMENTE!)

Veja você





Já dizia Churchill: "não existe opinião pública, existe opinião publicada." Pois bem, resta saber: a opinião publicada reflete o pensamento/interesse de quem?

Vejamos a Veja,a revista mais vendida do Brasil:

1º. Veja - média de 1.098.642 exemplares por semana
2º. Época - 417.798
3º. IstoÉ - 344.273
4º. Caras - 279.458 (puts)
5º. Viva Mais - 167.723
6º. Ana Maria - 167.419
7º. Contigo - 139.115
8º. Tititi - 122.601 (valha-me deus)
9º. Minha novela - 98.859 (macacos me mordam! eu nem sabia que isso existia!)
10º. Malu - 93.982

A Revista Veja, carro chefe da Editora Abril foi comprada em cerca de 30% por um grupo sul Africano chamado Naspers.

A Naspers também comprou em 91% os sites da Globo, Editora Abril e o Buscapé.

Naspers? Resumindo: um grupo advindos genetica e culturalmente dos Bôeres, calvinistas holandeses, esteio do Apartheid. Significa National Press, fundado em 1915 a fim de propagar a causa "branca" da África do Sul.


Quem tem redigido seu laxante dominical? (a Veja não passa disso)
Já comprou seu folhetim Bôer?






quarta-feira, 31 de março de 2010

Pessach







"Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good."

W. H. Auden


sexta-feira, 26 de março de 2010

Amicitae



Estava eu em Galway descendo a rua de pedestres. Eram umas 4 da tarde de um quase inverno da costa irlandesa. A chuva armou-se repentinamente. Rajadas de ventos fortes... um certo magnetismo no ar que faria esvoaçar sacolas de plástico em Beleza Americana. As pessoas começam a andar apressadamente, caoticamente... ventos ainda mais fortes. Enfim... um ensaio de um filhote de tufão... antes de chover o Atlântico Norte assopra um pouco.

Sabe aquela histeria de antes de uma tempestade? Pois essa era a cena descendo a rua. Um mendigo estava a repetir movimentos oscilantes com o tronco, como um árabe durante o Ramadã. Neste exato momento ele ganhou alguns trocados... antes de uma catástrofe as pessoas têm impulsos de compaixão.

Observei então outro mendigo. Estava alheio ao caos que se desenhava à toda parte. Sentado ao chão, encostado na porta de uma loja fechada. Chamou-me a atenção seu pequeno cão: um fox paulistinha. Como o nome sugere, essa raça surgiu no Brasil, provavelmente em SP. Eu mesmo já tive dois desses seres: Shake e Rocky. Achei curioso encontrar um desses na cidade mais a oeste de toda a Europa, nos confins.

Enquanto todos pareciam se desesperar, ante o pânico de véspera de uma tempestade violenta os dois – mendigo e cão – estavam a brincarem e se olharem, amor fraterno, uma alegria incontida e sem motivo. Era isso, havia um homem e um cão, e um magnetismo, não fosse alegre, seria histérico , tamanha felicidade.

................




Havia um gato. Se apaixonou pelo contexto, confundiu-o com o dono. Julgando ser do dono as qualidades da tigela e do tapete ronronou eternamente em suas canelas.

Um dia faltou leite na tigela. O gato mudou-se para o vizinho de tigelas fartas, e ronronou eternamente por lá.

...............

Que não seja imortal posto que é chama, e nem tenha a pretensão de ser infinito enquanto dure. Mas desejo a vocês que tenham amores mais caninos que felinos, e que sintam a beleza da lealdade (não confundir com resignação). Amicitae: sentimento fiel de ternura e afeição. Enfim, esta, a verdadeira riqueza da vida.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

(dis)Solução







De-tras-os-montes... já não doura mais a esperança...
A chuva intermitente...
Chove lá fora e cá dentro...

Ponteiro do relogio parece imerso em piche...

O calendário... é o de um cárcere...

A chuva dissipou o amor, a esperança e empurrou as lembranças para mais longe.


Um dia volto, e haverá sol...

Mas por hora, essa chuva me dissolve, só.






ps: a pedidos de ... e inspirado em ...


Excelente video sobre a (falta de) Liberdade de comunicação

Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Non-magic bus



Me pediu para ser prosa.

Mas nasci verso.


Me disseram: O senhor tem problemas com a verdade.

Digo: Namoro a verdade, não na praça,

mas em minha cozinha.


Me disseram ser um ônibus errado.

Pergunto: E o passageiro? Estava certo?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Alegria



Emolumento


Contas

Contrato

Locatário

Mundo insalubre



Tantas pedras

Quase nenhum caminho



Porém, em silêncio, em sorriso em riso

Um calor, uma presença

Uma riqueza

Ave amizade(s)


Soturna, porém leve como um coelho

Quase um pardal


Alegria vem simples

Nada numa gota infinita e negra



ps: acho bonito e doloroso, como um olhar de um filhote de pássaro caído de uma árvore,sabe? Aquela alegria levemente doída? Sabe?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Tietê tragicômico e o dinheiro do contribuinte



Seria trágico... pois as mortes já somam 70, se não fosse cômico o fato de José Serra gastar mais com publicidade do que com obras que evitassem as enchentes. Qual a estratégia do nosferatu ex sangue-suga? Conter a água com banners?

Vai aí uma solução para o transporte de São Paulo.... : ônibus anfíbio! Quem sabe não se inaugura a trans-tietê?


ano

combate àsenchentes

propaganda e publicidade

2002

266,2

35,6

2003

348,5

33,3

2004

302,1

51,1

2005

401,1

55,3

2006

119,2

49,2

2007

68,0

88,3

2008

107,4

178,7

2009

12,8

18,8*

*Até março de 2009

Segundo informações coletadas no Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária do Estado de São Paulo/ SIGEO.



sábado, 23 de janeiro de 2010

vocábulos essenciais

Amizade: sentimento fiel de afeição, estima, apreço, ternura entre pessoas.

Lealdade: sincero, franco, fiel.

Silêncio: estado de ausência de ruídos, sossego, paz, calma.

Simplicidade: ausência de artifícios, extravagâncias e excessos de ordem material, social ou psicológica.

Confiança: segurança íntima, crédito, fé.

Infinito: sem fim, sem termo ou limite, de extensão extremas, imenso.


... ∞ ...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O próprio Mário disse: a poesia não é a de quem a escreve, mas sim de quem precisa dela!


A tia de beatriz a observa com ar distante, recordando cenas de um encontro com mário, e a interroga:

Tia: Seja sincera, o que ele falou para você?

Beatriz: Metáforas.

Tia: Metáforas?Nunca ouvi você falar assim antes. Que metáforas ele fez com você?

Beatriz: Fez não, ele falou! Disse que meu sorriso se abre como as asas da borboleta.

Tia: E depois?

Beatriz: Ri quando ele disse isso.

Beatriz recorda cenas do encontro

Mário: Seu sorriso é como uma rosa,

Uma lança desenterrada

O barulho da água.

Seu sorriso é uma onda repentina e prateada...

Volta ao diálogo com a tia

Tia: O que você fez depois?

Beatriz: Fiquei calada.

Tia: E ele?

Beatriz: O que mais ele disse?

Tia: Não, o que ele fez. Esse carteiro, além da boca, tem duas mãos.

Beatriz: Ele não encostou em mim. Disse que estava feliz por estar perto de uma moça pura como as praias de um oceano de espumas brancas.

Beatriz recordando

Mário: Eu gosto quando você fica em silêncio. É como se estivesse ausente.

Com a tia

Tia: E você? E ele?

Recordando

Beatriz: Olhava para mim, depois parou de olhar nos meus olhos e começou a olhar os meus cabelos, sem falar nada, como se tivesse pensando...

Com a tia

Tia: Chega, minha filha! Quando um homem começa a tocá-la com palavras, não demora muito para usar as mãos!

Beatriz: Não há nada de errado com as palavras.

Tia: A palavra é a pior coisa que pode existir. Prefiro um bêbado beliscando seu traseiro na estalagem do que alguém dizendo ‘seu sorriso voa como uma borboleta’!

Beatriz: Se abre como a asa de uma borboleta!

Tia: Voa, se abre, é tudo a mesma coisa. Olhe para você como eu vejo! Basta ele estalar os dedos e você vai atrás dele!

Beatriz: Está enganada! Ele é uma pessoa séria!

Tia: Quando trata-se de cama não existe diferença entre um poeta, um padre, e até um comunista!

Cenas seguintes, a tia acha este poema no sutiã de Beatriz:

Cena do carteiro recitando-o para Beatriz

Nua você é simples como uma de suas mãos

Macia, terrena, pequena, redonda, transparente...

Traços da lua, caminhos de maçã

Nua, você é delicada como o trigo

Nua, sua pele é lívida como as noites cubanas

Há vinhas e estrelas em seus cabelos

Nua você é grandiosa e amarela como a viga de uma igreja dourada.