segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Capuccino à Brandenburgo


(esse texto é mto ruim.... não perca seu tempo)



Fui a um café. Simples assim. Pedi um capuccino italiano (seja lá o que isso signifique). Me trouxeram água morna e um sache de capuccino em pó. Simples assim.

Misturei... mas a xícara é por demais delicada, adornada e pequena... não havia como empreender a ferocidade necessária para diluir tudo. O resultado é uma bebida com pelotas aglutinadas, por uns 3,40. Considerando-se que cada sache tem um preço irrisório para o comerciante que compra no atacado, paga-se pela água morna mais cara do mundo, sim, pois a mão de obra fica por conta do freguês, sequer misturam para a gente.

A cena se repetiu em dois ou três estabelecimentos... nota-se uma tendência. Aonde estamos? Num café? Ou num super mercado? Se quisesse um sache iria à uma venda... não a um café.

É tão elegante quanto abrir uma lanchonete e tratar o freguês da seguinte maneira:

‘O cliente olha o cardápio e se decide por um “Sanduíche de Rosbife à Brandenburgo”. O nome tem pompa... promete ser bom, coisa de quem tem pedigree, na certa. Pois é disposto à mesa um pão de sal, uma faca de pão, e 500 gramas de mortadela. Avisa-se ao freguês que não havia mortadela em sache.. e que ele mesmo deve parti-la, mas não mais do que 80 gramas... é o que o prato lhe fornece por direito.

O freguês manda chamar o gerente. Ao invés, chega o Chef(?) – formado num curso técnico de cozinha italiana via internet, pelas Organizações Pirilampo Online Ltda.

“Primeiro... o pão não está nem partido e... o rosbife é na verdade uma mortadela?”

“Pimeiro... senhor... é assim que se come sanduíche em Brandenbrugo... e segundo, não é mortadela... é Rosbife Vienense... consiste em porcos da Calábria nutridos apenas e apenasmente com groselha siciliana... eles morrem de tédio e a carne fica assim, com textura e sabor ímpar... lembra um pouco mortadela, mas é beeem diferente. O senhor sendo apurado em seu gosto, saberá reconhecer a diferença”. ‘

Pronto... aí foi a dica. Se quiseres lubridiar um freguês... diga que o prato se chama assim porque em Bruxelas (ou outra cidade qualquer, conhecida, mas pouco visitada) é assim que se faz. E pronto.... é só dizer que não é um sache.... são invólucros embalados no Himalaia... high glamour lights on me.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

identificação?



-Nossa! Parece que te conheço a muito tempo! Não é mesmo? Você também tem essa impressão?
-Muito! Muito mesmo! Foi muito bom ter conhecido você! Que coisa...



sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Tumor de natal

Fui a um Congresso de Biologia. O primeiro palestrante era um médico, neurocientista. Tiro o chapéu largo: o cidadão era muito eloqüente e carismático. Contou-nos sobre física quântica, teoria do caos, sobre o quanto nós estamos desconectados do meio ambiente, a importância de dormir, os malefícios da maconha e o quanto tudo isso pode interferir no desempenho sexual. Ah sim.. fez-nos aplaudir o stress... pois é importante sim.

Falou também, de maneira impactante, sobre os benefícios do tumor cerebral. Descreveu a cena imaginária:

O médico volta com a chapa em mãos com sorriso largo, ofegante, dá a volta na mesa, senta-se em frente à senhora ansiosa. Ele põe a chapa contra a luz, acende o interruptor e lá está. Leiga, ela não entende, ou finge não entender a imagem de si própria. Preferiu se apegar ao sorriso farto do Dr. e lançou a pergunta:

-Está tudo bem então?

-Se está! Ô! Veja que maravilha e aponta para a chapa da ressonância magnética!

-Sim... Mas me conte... quer dizer que estou bem?

-Pelo o que a senhora vem me dizendo, não está nada bem.Mas Olha aqui que beleza! Lá vem a solução! Do tamanho de um limão galego! Até se parece, o formato, não? Mas estreito nas bordas dos dois extremos.. e redondinho no centro – dizia alegremente o médico desenhando por cima da chapa com uma caneta.

-Mas ... hã? O senhor está dizendo então que eu...

-A senhora o que?

-Que eu tenho um... tumor...? – indagou tremulamente, com dois e pequenos olhos castanhos a vacilarem.

-Mas há! Um tumor não! O tumor! Tá é doido! Esse aqui dá gosto de se ver. Muito bom mesmo. Tá bem na hipófise, crescendo que é uma beleza... – proferia o médico visivelmente orgulhoso de se ver aquela aberração celular no cérebro de sua paciente.

-Mas.. o senh... o senhor... perdeu o juízo? –tentou vociferar como de costume, mas seu quadro era terrívelmente mais importante do que a falta de compostura do médico.

-Calme senhora... ruim estava antes... lembra? Agora vai melhorar. Coisas interessantes acontecem. Confie em mim.

(...)

Depois disso ele descreveu as cenas subsequentes. A senhora entrou em desespero. Haveria de fazer uma cirurgia, radioterapia, quimio... A cirurgia inclui risco e seqüelas.

O ponto, em que o médico gostaria de chegar é que este quadro uniu toda a família. As irmãs que não se falavam, os filhos que não se davam, os primos que não se toleravam. Todos sem exceção, ante a iminência do único mal irremediável que acometerá todos nós se uniram, e se revezaram ao pé da cama da tal senhora.

Eis o benefício do tumor cerebral. Essa foi a historinha que ouvi no tal congresso.

Passado alguns meses esta situação acontece em minha casa... Eis que o grande macho alfa... O lendário gorila de pelos já alvos.... o agressor histórico expõe a sua fraqueza: ele também é passível de morte. E o que fez lembra-lo foi um tumor cerebral do tamanho de um limão. Uma beleza. Bem na hipófise! A crescer rapidamente.

E o tal médico do congresso parecia ter profetizado a cena e o desenrolar... Aconteceu tudo dentro do previsto: a família dilacerada se uniu... o gorila mostrou ternura, o casal se abraçou, a irmã voltou, amigos surgiram, todos... ao pé da cama, a se revezarem...

Foi uma alegria e uma ternura dignas de um filme bucólico francês, no qual uma criança nos ensina a importância do abraço.

Mas o tempo passou. A operação foi um sucesso. A família se redilacerou tal uma peça de carne num açougue. O gorlia se ergueu. Ganhou, ganhamos a ilusão, pura ilusão, de que novamente temos tempo (não o temos). Temos tempo para exercitar um pouco mais o que de pior há em nós, para depois nos redimirmos nos acréscimos do segundo tempo.

Não temos esse tempo. Nunca tivemos. Hoje vimos aqui o benefício de um tumor cerebral... A questão é: quantos serão necessários? A receita de panetone direi logo mais, receita de natal feliz eu digo agora: um tumor lá pra novembro, quando ainda está fresco.

Feliz natal!

sábado, 5 de dezembro de 2009

eu vou ali e volto



Se um dia eu deixar este mundo vivo
Eu lhe agradecerei pelas coisas que fez em minha vida
Se um dia eu deixar este mundo vivo
Eu voltarei e sentarei ao seu lado esta noite
Não importa onde eu estiver, você será sempre mais que uma memória
Se um dia eu deixar este mundo vivo

Se um dia eu deixar este mundo vivo
Vou superar toda a tristeza que deixei para trás
Se um dia eu deixar este mundo vivo
Sua loucura logo desaparecerá
Tanto que palavras não derramarão lágrimas
Eu estarei aqui quando as coisas ficarem estranhas
Se um dia eu deixar este mundo vivo

Então, quando estiver em dúvida, me chame
Antes que você vá à loucura
Se um dia eu deixar este mundo
Hey, eu posso nunca deixar esse mundo
Mas se um dia eu deixar este mundo vivo

Ela diz estou okay, estou bem
Mas você se foi da minha vida
Você disse que isso aconteceria
Agora tudo vai ficar bem

Ela diz estou okay, estou bem
Mas você se foi da minha vida
Você disse que isso aconteceria
Agora tudo vai ficar bem
Sim, vai ficar bem


.........

I`ll come back downsit beside your feet tonight
More than just a memory
The madness that you feel will soon subside
I`ll be here when it all gets weird
Though you have gone from my life
Yeah should be alright



......


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

a insustentável leveza do sorvete


Caros leitores... não fosse nossa fonte fomentadora, este blog não haveria de ter sido recriado, ressurgido das cinzas olvidadas. Em consideração à Universiade de Trácia retiramos o texto polêmico de Friedrich Nietzsche, aqui entitulado de “não” com os seguintes dizeres: “O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.” E, pior do que o texto era a foto... Ou a combinação de ambos... Não irei publicá-la aqui novamente, sem autorização prévia do conselho.

Vamos esquecer esse Frederico Nietzche... Vamos agora de Voltaire. Esse cidadão escreveu vários contos, dentre eles Zadig. Camarada Zadig tava lá na Babilônia dando um rolé quando encontra um eremita. Resumindo a cena: estavam Zadig, o eremita e mais um a conversarem sobre as paixões.

“-Como são funestas – disse Zadig.

-São como os ventos que enfunam as velas do barco – retrucou o eremita: - submergem-no às vezes, mas sem seu auxílio o barco não poderia vogar. A bílis nos torna coléricos e doentes, mas sem a bílis não poderíamos viver. Tudo é perigoso neste mundo, e tudo é necessário.”

Já Vinícius diria sobre a efemeridade, posto que é chama, mas que, o importante é a infinitude durante a ocorência de uma paixão.

Ivanovich, sofrido que foi, alertaria sobre a fragilidade: “é de casca de ovo, aquilo que se pintava por aço”.

Oscar Wilde diria que "a diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais".

E eu enquanto eu mesmo? O que tenho a vos dizer sobre a ilusão/desilusão do amor, das paixões? Do amor não me atrevo no momento. Das paixões eu direi que...

São como alimentar um esquilo. Isso mesmo. Apaixonar-se é dar sorvete a um esquilo.

Nada mais mágico. Nada mais tocante. Nada mais frágil. Nada mais efêmero. Nada mais fugaz. E nada mais necessário, para que não se morra por dentro.

Mas dói.



sexta-feira, 27 de novembro de 2009

consertei meu violão

(não é interessante mesmo não, só queria postar isso aqui)

Pronto.

Está melhor do que antes.

Pode apostar que sim.

Falta acabar de consertar o violonista...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

demasiado




eu sinto muito
ser exagerado
sinto muito pela minha ansiedade
pela minha angústia
pela minha intensidade

eu sinto muito
pela minha sinceridade constrangedora

eu sinto mutio por haver sentido muito

sinto
ser demasiado e doido

terça-feira, 24 de novembro de 2009

uso e desuso




Os chimpanzés usam gravetos para retirar pequenos insetos que lhes servem de alimento. Gorilas utilizam pedaços de pau para medir a profundidade de um rio antes de atravessa-lo.

Ned Ludd usava ferramentas industrializadas para quebrar fábricas no início da Revolução Industrial. Afinal, quem agüenta trabalhar 18 horas por dia?

Segundo Lamarck a Lei do Uso e do Desuso consiste em que o uso contínuo de um órgão ou parte do corpo faz com que este se desenvolva e seja apto para o correto funcionamento, e o desuso de um órgão ou parte do corpo faz com que este se atrofie e com o tempo perca totalmente sua função.

Usufruto é o direito real sobre coisas alheias, conferindo ao usufrutário a capacidade de usar as utilidades e os frutos de uma coisa, ainda que não seja o proprietário.

O Cuckoo é uma família de pássaros, Cuculidae, que retira os ovos de outros pássaros do ninho e bota os seus próprios no lugar. Os pais lubridiadamente adotivos cuidam dos novos filhotes como se fossem seus próprios. O instinto paternal é tão forte que continuam a alimenta-lo, mesmo quando o filhote se torna ridiculamente distinto dos pais (muito maior do que eles).

E você? Tem sido usado com qual finalidade?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

quebraram meu violão



é urgente...
e eterno

eu te amo

é a verdade que conheço
e é para sempre
teremos filhos

haverá música e amor

pois
já sabem
este carinho é sem precedentes


enfim...

o que tenho a lhe dizer é:


não invista em mim!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!









dedico estes cacos de versos à todos aqueles que aprendem a desaprender de tempos em tempos, à curva tamburelo e ao tsunami, dedico estes versos ao aquecimento global que se anuncia a tempos e concretiza-se sem nenhum pudor...


me disseram amor... e pediram para cortar os investimentos....

recebi as ações de volta..... a bolsa não se alvoroçou...... uma empresa quebrou e ninguém gritou ao telefone.... tudo calmo demais!
...

o amanhã já vem


em meio ao delírio musical (pois que minh´alma é flamenca, é de delírio e sem meio termos)

a corda se partiu com violência

ricocheteou em dois pontos reticentes,

fazendo sobrar apenas um. Tornou-o ponto final.

Olhei firme para o ponto e indaguei?

"Sangras?"

"Sim...."- responde a infinita gota negra.


Eu sorri e fui embora, por que flamenco termina em sétima.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

fim?



Sabe quando você pressente o fim?

Não?

Ótimo...

eu também não.


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

paintball



"Aquele que não se tornar uma criança, não entrará no Reino dos Céus."
(Designer de produtos de Nazaré)



a pilha

(esta primeira parte é desnecessária)
"As soluções de sulfato de zinco e de sulfato de cobre (II) se encontram dentro da barreira porosa para completar o circuito. Entretanto, quando íons diferentes misturam-se, isto afeta a voltagem medida de tão variadas maneiras, que são difíceis de medir. Para prevenir a mistura das soluções, os químicos usam ponte salina para unir os dois compartimentos de eletrodo e completam assim o circuito elétrico. Uma ponte salina típica consiste de um gel contendo uma solução salina aquosa concentrada em tubo em forma de ponte. A ponte permite o fluxo de íons, e assim completa o circuito elétrico, mas são íons que não afetam a reação da célula (KCL) (1,2)."


(esta segunda parte provavelmente também é, mas fui eu quem escrevi)

O amor é como uma pilha:
produz energia mútua e gratuitamente
até que os metais se desgastem.
Mas este, não é, como parece, o fim...

pois os elétrons são eternos por enquanto.


E a fiação... é o por-fazermos.


sábado, 7 de novembro de 2009

EUS



EU NÃO SIRVO PARA
O CAMINHO DO MEIO
OU MUITO A DESGRAÇA
OU A GRAÇA EM SI
TOTAL RAZÃO OU
AUSÊNCIA DE CONCEITOS
ORAÇÃO OU VOLÚPIA
EUS NÃO SIRVO A MIM
QUANTO MAIS A DEUS


Regras do Grupo







Num grito de ´or os olhos se abrem
num silêncio de cor, o sangue semeia
Pois tudo que suavemente pulsa, ao alcance foge
para bem longe das distâncias

Na fuga, a dor, os olhos fecham
o pão é o sêmen das manhãs
e por todas elas se entremeia
contando o indizível

Porque permitis que vejam
o que em mim não há?
Se todas as buscas são vãs

Guardarei em mim pulso mu(n)do
Não saberei jamais o fim
O que não há, buscalo-ei


Poema a duas mãos - 2000
(Hozoni & Parede)



quinta-feira, 5 de novembro de 2009

diferencial , abastecimento e posse





...é... eu sei...

acha que eu não notei?
mas
o fato é: aprendi a me aceitar tanto
que terminei por me gostar muito

e hoje posso dizer que me amo
e amo tanto que quase me basto

e a ironia toda é esse quase
é a quase auto suficiencia que
quase me deixa louco

quase louco
e quase só



e minhas maiores riquezas são minhas memórias
pequenos lapsos de verdades e sonhos


é a única posse de que tenho orgulho

como exemplo,
digo que recentemente me abasteci de eternidades, num banco de praça


é possível?

com certeza.





quarta-feira, 4 de novembro de 2009

mais do que flores



Durante trinta dias-anos...
cerca disso
houveram flores, bancos e praças
quadros e sonhos
palavras, letras e nomes
família e abraços

uma suavidade e carinho sem precedentes

eu não concordo com a proibição de algo tão belo
e nunca entendi o fim

mas

por cerca de trinta dias-anos
eu segurei sua mão
dei boa noite
ouvi bom dia...

adormeci você
e você me amanheceu


durante trinta dias-anos
tivemos mais do que flores
e não nos desculpamos a ninguém por isso

éramos você e eu
e era possível



O capoeira

(Sebastião Salgado)

- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.

(Oswald de Andrade)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A criança que fui chora na estrada


A criança que fui chora na estrada.

Deixei-a ali quando vim ser quem sou;

Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.


(F. Pessoa)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

e Neruda rasgou o verbo





Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos...
Frente a frente...
...Sempre...

A se olharem...
Pensar talvez: “Paralelos que se encontram no infinito...”

No entanto, sós, por enquanto.
Eternamente dois apenas. (Pablo Neruda)

domingo, 25 de outubro de 2009


...é sem palavras mesmo...
como uma saliva, de cheiro aconchegante
um abraço achado
e um por-dizer carregado e suave
uma brisa no rosto
e um leve calor...





sabe como? Não me entendo, não saberei explicar mais do que isso...
já cuidou de alguém à distância?

não?
mais ainda...: foi cuidado?

se não... não vivestes...
mas ainda há tempo

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Antes o ódio de amar que a felicidade de mágoa.

Espremer a imperfeição, colher teu suplício cego.

Nadar no crepúsculo hediondo de seu olhar.

Antes contorcido na ação

Sentir as costelas delimitarem o pulmão exausto

Admirar o pecado senhora, como se admira um sorriso de

Criança

Correr com a malícia de nossos pequenos nas veias

Sermos felizes com o mais terrível e perigoso amor ao mundo

Ter a lucidez dos doentes e a leveza de quem se foi

Abraçar a existência e seja o que quisermos

terça-feira, 20 de outubro de 2009

"A Terra é redonda porque eu vi"


O avião russo Ilyushin faz movimentos em forma de parábola, fazendo com que os tripulantes experimentem uma sensação de gravidade zero. Não sei precisar a que altitude ele alcança...
Mas é o suficiente para poder observar a curvatura da Terra.

Lembro-me de que um professor de física disse que gastou enorme quantia para andar neste avião- ele foi à Rússia para isso. A princípio todos acharam que era uma loucura... tamanha cifra -não me recordo quanto- para um "passeio".

Mas ao ouvi-lo dizer com tamanha paixão: "a Terra é redonda porque eu vi! Não me contaram... não teve que fazer sentido. Eu vi a curva dela. Eu vi, com os meus olhos!"

Eu o compreendi...

Às vezes é necessário descansar o córtex imaginativo.... e lançar o presente impresso, de maneira direta no hipocampo, e reverberar por todo o corpo. É nas vísceras que somos sinceros. Na arritmia. Não se pode mentir nem a si mesmo assim.

E talvez, também por isso eu quero ir ao Kilimanjaro. As neves eternas têm prazo de validade curto agora... Posto que este planeta é chama. Mas que seja infinita enquanto dure em minha boca. Isso mesmo. Quero comer a neve do Kilimanjaro. E quero assim poder dizer aos meus filhos: "havia neve na Africa, e não me contaram... Eu a comi. Havia porque eu comi."

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O dia em que o lobo comeu as palavras


Ele amou, uma fêmea inquieta, indecifrável,

Demasiada animal

palavras

inatingível...

Imprevisível

No começo o encanto, empatia...

Vida silvestre, amor de raposa...

Escondeu-se.

Silencio e dor...

Palavras, esperança e dúvida.

Pois que saibam:

Ele também saber ser animalesco

Resoluto, decidiu

Agora basta

Haverá um abraço, físico, real.

Se for o ultimo... será. Mas haverá.

Real.

De ossos, de sangue e de carne.

Ele sabe ir embora, mas não sabe mais esperar.

De pêlos em riste, tal um lobo raivoso.

Mordo as tuas e minhas palavras.

Comerei também imaginações e suposições, ficará com lembranças de fatos ocorridos ao invés disso.

O lobo saiu de casa hoje.

E só retorna com uma resolução mamífera.



Desaparecido!

Foto: Mark Pardew
Bombeiro: Daivd Tree
Coala: ...



Desaparecido.

Procura-se um amor.

Amor jovem, de crescimento antigo.

Saiu de casa em outubro.

Atende por vários nomes,

de Toddi a Shake, palavras que podem chamar-lhes a atenção são várias...

Tem caráter ingênuo, irrequieto e altivo.

Pangeográfico pode ser encontrado em quatro continentes, somente não fora avistado ainda na Oceania*.

A Interpol foi acionada, mas contamos com a cooperação de todos.

Está ferido e necessita de brisa.

Reporta-se que tem se alimentado de silêncio e pode haver alguma melhora em seu quadro;

Suspeita esta sem confirmação oficial ainda.

Valor imensurável...

Remunera-se este Amor com amor.







*Errata: como prova em foto, fora avistado na Austrália... o que conta como Oceania...

ps: O ministério do Meio Ambiente informa: não dê cookies aos coalas, a glicose lhes deixam imprevisíveis!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O casal silencioso





* Esta história possui várias versões mundo afora, desde o Siri Lanka à Escocia...






Era uma vez um rapaz e uma moça. Ambos eram conhecidos por serem brilhantes altivos, ousados e teimosos. Em verdade, seriam os que mais ostentavam estas características na cidade. Por obra do acaso e do arbítrio acharam logo de se apaixonarem e se casaram. Ofereceram, pois uma grande festa na nova casa.

Quando todos os convidados foram embora os jovens recém casados estavam exaustos e prostrados em duas poltronas. O ultimo convidado deixou a porta da frente aberta. Era inverno e fazia frio, um vento incômodo adentrava a sala.

_Querida, será que você poderia fechar a porta?

_Ah amor, eu ia te pedir o mesmo... estou tão cansada, feche você.

_Então é assim que serão as coisas? Bastou colocar o anel no dedo e você se tornou uma grande preguiçosa?

_Não acredito no que estou ouvindo!

Discutiram, sem perspectiva de acordo, até que a esposa propôs:

“Aquele que falar primeiro fechará a porta!”

_ É a primeira boa idéia que ouço de você hoje. Assim será!

Então os dois permaneceram em silêncio na sala.

Percebendo a porta aberta dois ladrões adentraram por ela. Observaram a casa recém decorada. Fitaram com estranheza o casal. Mas como não se moviam ou reagiam, os ladrões sentiram-se encorajados e tranqüilos. Retiraram calmamente objetos de valor. Depois começaram a levar os móveis.

“Não acredito que ela não vai se pronunciar!”- pensou o noivo.

“Estão levando tudo o que nos é precioso! Ele não reage?” – pensava a noiva.

Ambos mantiveram-se firmes em seus votos de silencio. Porém, ainda mais ressentidos.

O sol se avizinhava do horizonte. Os primeiros raios iluminavam o chão da sala agora, completamente vazia. Um policial que passava pela rua percebeu a casa de sala vazia e porta aberta. Entrou buscando uma explicação e se deparou com o casal...

_ Bom dia senhores! Vocês moram aqui?

Sem resposta tornou a perguntar sobre os móveis, sobre o porquê de estarem ali e...

_ Insolente! Não vês que sou a Lei aqui? Como ousa fitar-me em silêncio quando lhe faço uma pergunta?

O policial ergueu a mão para esbofetear a face do noivo.

_ Não se atreva! – Bradou a mulher levantando-se num pulo - Este homem é meu marido. Esta é nossa casa! Se encostar um dedo nele vai ter que se ver comigo.

_ Ahá! Ganhei! – gritou o marido batendo palmas - Vá fechar a porta mulher.









quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Gravata e Kilimanjaro


Um conto de uma casa que (ainda?) não tivemos

Parte 1: Gravata e Kilimanjaro

Era sexta feira, saia da empresa de roupa já amassada. A semana havia sido massacrante, por onde diabos anda a dignidade profissional? E para completar este calor, cada vez mais castigante. Atravessava as ruas, pessoas passavam umas pelas outras, absortas em seus próprios mundos, não se notam. É como se soasse os sinos do recreio de uma escola católica. Um estouro de boiada, a gritar, clamando pela vida estrangulada no silêncio frio de uma sala de aula. Mas eu já não era mais criança, não como antes. Meu destempero esperançoso estava cada vez mais arrefecido a cada sexta feira, a cada década. Clausura... escafandro e a borboleta... E contas... De onde vêm? O ar me faltava ao pensar em dinheiro...

No degrau da escada de casa o jornal enrolado. Não havia chegado a tempo. Sentei-me ali, antes de entrar e abri-o. As notícias parecem-se cíclicas... Mas... uma delas me chocou: o Monte Kilimajaro não tem mais neve alguma! No Inverno deste ano cientistas observaram atônitos que o inevitável havia se antecipado: não houve sequer uma formação de gelo! Aquilo me enervou de tal maneira que...

Andando em círculos ensaiei um discurso sobre o velho tema do... aquecimento global! Mas que....! Uma bactéria se demora milhões de anos para defecar um tiranossauro e nós colhemo-no como um ouro negro e ... Ah! Diabos! Eu nunca fui lá! As neves eternas do Kilimanjaro não são tão eternas assim não é?

Ao que notei ser observado pelo cão... Giggio, vulgo Mequerefe. “Que foi? Acaso eu também não posso latir?” Entortara a cabeça com quem tenta compreender caninamente... Aquilo me acalmou....

Mas... eu nunca fui lá! E... acabou-se! Escafandro.... por diabos!

Adentrei... mãos trêmulas, taquicardia e ansiedade de anos...

Ela veio em minha direção e... para minha surpresa, estávamos bem! Ela estava bem! Eu indaguei-me: carinho? Dela?Hoje?

A quebra da expectativa me deixou um tanto quanto desconcertado, mas... que bom... O amanhecer de uma rixa é como testemunhar um milagre.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Einstein-Podolsky-Rosen



Einstein-Podolsky-Rosen

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

Antoine de Saint-Exupéry

É necessária muita responsabilidade nos pequenos atos. E não há decisões unilaterais.


Ano de 1935.

Os três autores supracitados, na data supracitada realizaram o experimento que ficou conhecido por... Einstein-Podolsky-Rosen.

Simplificadamente dois elétrons emparelhados possuem spins contrários, pois que têm a mesma carga e criam portanto campos magnéticos contrários a fim de manterem-se entrelaçados. Ao induzir apenas um dos elétrons a alterar a direção de seu spin, o do outro automaticamente também será alterado. Uma vez separados eles mantém a ultima direção seus spins. E talvez por inércia assim continuem. Mas ainda que separados, por distâncias consideráveis eles estão intrinsecamente ligados. Em verdade é como se não houvesse mais espaço ou tempo entre eles. Ao se induzir a alteração de apenas um eletron, o outro imediatamente, simultaneamente, como se lado a lado estivessem, altera também seu spin.

Por tanto, para elementos ( e lembremo-nos de que elementos se comportam ora como partícula, ora como onda, depende de nossa observação) que se tornaram afins, realmente não há tempo ou distância, e que pensar é muita coisa, sentir o dever ser ainda mais, e que a constante c da velocidade da luz que nos perdoe, mas a afiniade nos torna mais rápidos do que ela.

Portanto, tomemos cuidado com nossos atos, palavras, pensamentos. Especialmente, muito especialmente, para os que nos são preciosos. Eles já estão em nós.

Cuidemos de vossos/nossos spins...

domingo, 20 de setembro de 2009

Versão




Eis que surge uma luz...

Ela desfez as retas melindrosas de frases efêmeras

As palavras que saem de sua boca

Semeiam o que melhor em mim há.

Respire.

Você me antevê...

Máscaras ao chão...

Você já está em mim.

Quando encontras um conterrâneo,

Verdades são transpiradas sem esforço.

Eis que surge uma luz...

A verdade, é a interseção de nossas realidades...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009


Ah você!


Maestra de meus sorrisos,
brilho de meu olhos.

Minha alma antiga,
meu verso,
meu uno.

Minha nobreza acuada,
meu amor achado,
meu canto e meu silêncio.

Meu segredo,minha verdade.

Minha ressonância errante.
Meu desejo destilado,
meu carinho sem tamanho.

A melhor parte de meu dia,
meu caminho de mim mesmo.

Minha amiga,
fusão de meus genes.
A terceira e quarta mãos de nosso piano.
Minha sincronia livre.

Minha casa sem muros,
minha família sem brasão,
sangue de meu sangue.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Às piñatas! digo, armas!






Deixe me ver. Refaço as contas... As armas foram compradas da Suécia pela Venezuela em 1988. Desde o governo de Carlos Andrés Pérez, portanto, estão em solo Venezuelano. Em setembro de 2008 foram encontradas parte deste armamento em posse de civis que supostamente planejavam matar Uribe. Um ultraje! Era um lança-foguete AT-4 e um canhão Carl Gustav!

Motivo o suficiente para assentar Chávez no banco dos réus! (Não senhor, não faço apologia ao falastrão egocênctrico. Tampouco desfaço.)

O curioso é que somente estes armamentos foram motivo de estardalhaço. Foram encontrados armamentos de 27 nacionalidades diferentes, dentre elas: foguetes anti-tanque estadunidenses, russos, chineses, fuzis búlgaros e norte coreanos, além de munições brasileiras...

Por esta ótica não seria interessante ver Obama, Medvedev, Kim Jong Il, Lula, Chavez e Uribe juntos!? Todos devendo explicações?

Outro fato intrigante é que estas "descobertas" são agora ressucitadas, mais de um ano depois, juntamente com... Ahá, novíssimas e benevolentes bases americanas! Uau! Seria para que mesmo? Cobrir os céus de Venezuela e Colômbia? Não... Isso já é feito pelas bases de Porto Rico! Há mto tempo! A base de Palanquero é para o caso de algum oficial norte americano queria conhecer os céus de 50% da nossa intrigante América do Sul. E sem reabastecer! Sirva até, para quem sabe, escoltar pequenos Legacys pilotados por americanos que não gostam de ligar o transponder da aeronave... Vai saber?

A quem culpar? Alguma prostituta italiana se voluntaria? Porque não sarney? (Ó céus, não defendo tal criatura. Odeio os tais atos... secretos... de Artur Virg.. ops! errata! de Sarney! Hediondos são!Mil vezes vis!)

Mas o fato é que tudo isso é inquetante para nós. No méxico está incorporado na cultura de maneira mais aceita. O fato é que toda patifaria requer uma pinãta distratória.












quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O Parlamento


Os parlamentares se reuniram, havia algum tempo em que não se convocava uma sessão extraordinária. Nem todos estavam a par da pauta, e alguns se demoravam nos jardins a conversar perplexos sobre o motivo da reunião. Olhos arregalados e reprimendas sussurradas.

Pouco a pouco se instalaram desconfortavelmente em seus assentos.

(...)

Após acalorado debate, honroso membro do do Partido de Todas as Causas interveio:
-Caros colegas, não julguemos precipitadamente nosso estimado líder. Lembrem-se de Zadig da Babilônia. Ao dizer que as paixões eram funestas, ouviu do famigerado eremita: "São como os ventos que enfunam as velas dos barcos, submerge-os às vezes, mas sem o seu auxílio não poderiam vogar. A bílis nos torna coléricos e doentes, mas sem a bílis não poderíamos viver. Tudo é perigoso nesse mundo, e tudo é necessário."

Completando o Colega, membro do Partido Libertário endossou:
-Exatamente, caro parlamentar! Recordemo-nos das palavras de Árjuna! Quando Krishna disse que a mente é a pior inimiga para quem não a controla, e a melhor amiga para quem a controla, ele respondeu: "É mais fácil controlar os ventos do que minha mente!". Portanto lembremo-nos: nosso líder é humano como nós e não escolheu o sentimento ou muito menos o contexto!

-Acaso realmente endossa tal empreitada? Perdestes o juízo? Desconhece as possíveis conseqüências destes atos?
-Não desconhecemos! Estamos a mostrar o outro lado! Para tudo dá-se uma solução!
-Nem tudo senhor! Deveriam mudar a legenda de vosso partido para Partido da Libertinagem, pois é o que pregueis! "Sem repressão não há civilização!"
-Hão de descambar para vosso moralismo!? Respeitai o intelecto de vossos colegas...!

Após, houve ápice e declínio dos ânimos. Fez-se um intervalo e uma trégua aparente entre os membros da casa.

Pede a palavra um do Partido dos Templários:
-Senhores! O caminho que nosso líder tende a percorrer é inaceitável. Não vêem pois que nega tudo o que sempre foste? É cegueira tentar evitar a cegueira de nosso mestre! Há limites! E este é um dos mais claros!

-Nosso estimado líder (argumenta outro), pode não ser totalmente responsável por seus sentimentos, mas é sim, totalmente responsável por seus atos!

-Acaso não estaremos negando algo precioso, pelo apego às regras? São as regras que devem servir aos humanos, não o contrário.
-Não devemos nos escravizar às leis, tampouco aos impulsos mundanos!
-Como saber se são apenas mundanos? Como diminuir a questão?
-É isso! Não sabemos ao certo!
-Concordamos porém que as conseqüências podem ser trágicas?
-Sim, quanto a isso todos estamos de acordo...

(...)

Um novo regime, se instalara, um governo provisório. O estimado e agora relutante líder fora enviado ao exílio. Temporário... mas exilado. Escutar o silêncio foi a prescrição.

Antes de partir, o rei despachou um mensageiro. Este, vencido pela curiosidade leu a missiva antes de entrega-la: "Das quase histórias que tive, se as tive, você foi a melhor! Saudades dos dias-anos em que éramos crianças e tudo era possível."






(continua...?)

Não.